Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/135

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que viver fora daqui, creio que não é mais viver, e sim morrer-se em vida aos poucos.

— Se pensa por esse teor, de que se arrepende então?

— Eu sei, tia? Tenho cá uma cousa comigo a dizer-me que se não fossem ao Sr. Vital Rebelo, logo na mesma noite em que nos desposamos, a intimar-lhe para morar em Olinda, ele se não havia de agastar; e depois com o tempo, pedindo e rogando, como era meu dever, tudo alcançaríamos dele. E agora!...

Curvou Leonor ainda mais a cabeça, dando ao colo alvo e flexuoso uma ondulação de cisne, a fim de esconder da tia a lágrima cristalina que tremia nos cílios e veio a cair no regaço. Mas a voz não a pôde esconder; viera aquela última palavra rociada de prantos.

— Está bom, tornou a senhora; console-se que breve tudo isto acaba. Em vencendo nós aos tais mascates...

— Contanto que lhe não façam mal! replicou prontamente a moça.

— Disso lhe dou fiança, menina; basta ser seu marido e meu sobrinho.

— Mas quando acabará?

— Qualquer destes dias.