Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/15

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elogios à imparcialidade e moderação do prestante cidadão a quem estava confiada a autoridade do lugar.

Um mês depois, cá na corte, o ministro da Justiça voltava do despacho azoado com uma sabatina que sofrera a respeito da eleição da tal paróquia, cuja existência ele ignorava, pois era homem do Sul. O oficial de gabinete ouviu no meio de um solilóquio trágico estas palavras inauditas:

— Não se pode ser ministro assim!...

Tirando então da pasta um caderno de papel com o título de extrato dos jornais, o pimpolho do estadista procurou um lugar marcado à margem com uma cruz sinistra riscada a lápis. Era nada menos do que o trecho elo quentíssimo do publicista pernambucano.

Expediu-se nesse mesmo dia um reservado ao presidente exigindo com urgência informações a respeito dos fatos escandalosos referidos pela folha. A oposição em Pernambuco teve logo noticia do que havia, e compreendendo o partido que podia tirar do incidente, remeteu para a corte os objetos a que aludira o artigo, a fim de serem vistos por ALGUÉM.

Foi portador o nosso jornalista. Chegando à corte fez-me o favor de procurar como colega, e pedir que preparasse a opinião com um artigo de minha lavra, confiando-me para este fim o pacote onde estava o corpo de delito do grande escândalo. Há embrechadas de que ninguém se livra: era esta uma das tais.

Atirei o embrulho a um canto muito resolvido a desculpar-me com as minhas lidas, quando