Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/151

Wikisource, a biblioteca livre

engastando entre os dentes de pérola a unha rosada do polegar, e estremecendo de impaciência, estava encantadora a donzela. Dir-se-ia que ela esperava tirar da coroa daquele dedinho mimoso o fio do enigma, como costumava puxar com os dentes a ponta da linha para desembaraçar a meada.

Eis que desperta com um pulinho de contentamento. Estende o seu lenço de batista sobre o donzel, e tirando uma agulha de bordar do açafate de costura; picou a veia azul do braço esquerdo.

Uma gota, e da mais fina púrpura, borbulhou na tez alva e acetinada. Aí molhando a miúdo a ponta da agulha, pôde escrever na cambraia estas palavras: amanhã na cerca.

Machucou o lenço na mão, que mal o escondia, e disfarçando esta entre os fofos da saia, voltou à sala onde encontrou ainda em conversa animada D. Severa e o capitão. As outras senhoras da casa estavam sentadas em roda de D. Lourença, respeitável matrona pernambucana, que muito se avantajou nas letras e virtudes. Era irmã de André de Figueiredo, e viúva.

Achando já reunida na sala a família, à qual esperava antecipar-se, hesitou a moça; a resolução