Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/161

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zombavam dos ciúmes da majestade e de suas leis suntuárias.

Corria no fundo e ao longo da parede um largo estrado, com alcatifa de veludo escarlate e ressalto de dois degraus sobre o soalho da casa, guardado todo ele por um esparavel de brocado azul, que se elevava em cúpula suspensa à parede com um florão de bronze.

Na face exterior dessa cúpula apainelava-se o escudo oval dos Cavalcantis, com as armas de prata coticadas de negro, em campo de pala, prata no fundo, vermelho em cima, floreteado também de prata. Por timbre um cavalo com asas, mãos suspensas, pés sobre o elmo, volante por entre chamas.

Sobre o estrado havia uma camilha de couro rendado em arabescos e flores que deixavam coar-se o ar pelos recortes; fresco ripanço que em clima ardente como o de Olinda convidava os lassos membros ao repouso. Era brasil a madeira do custoso móvel, e as pregarias da melhor prata.

Em frente à camilha e tomando-lhe a vista, um bufete coberto por cima de charão da Índia com embutidos ou marchetarias, e fechado dos três lados de fora por bambolins de couro de Moscóvia com iluminações de prata. À volta do bufete, algumas cadeiras e tamboretes