Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/162

Wikisource, a biblioteca livre

rasos ofereciam assentos aos poucos admitidos nesse lugar de honra.

No momento em que se aproximavam D. Lourença Cavalcanti e André de Figueiredo com os de sua casa, achava-se recostado na camilha, com o corpo derreado sobre a almofada de couro, um velho de sessenta anos, alto, magro, de feições descarnadas, olhos vivos e cintilantes, cabelos grisalhos, e tez acobreada que denunciava o sangue americano.

Era o Capitão-Mor João Cavalcanti.

Naquele instante acabava ele de apear-se à porta da casa, donde partira quatro horas antes para acabar a tarefa começada pela manhã de correr os engenhos próximos da cidade: lida com que se entretinha, quando não havia outra cousa em que passar o tempo.

Depois de cinco ou seis léguas a cavalo pelas margens do Capiberibe, pode-se avaliar da boa fadiga e apetite que devia trazer. Assim ia ele acomodando-se na camilha, com as pernas estendidas pela prateleira do bufete, enquanto não lhe punham ali mesmo a ceia.

Nesse intermédio, iam chegando os da obrigação de todas as noites, que logo se encaminhavam para o estrado a saudá-lo e desejar-lhe as boas-noites. Aos parentes mais moços dava ele