Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/167

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ao chamado, senão a porem a mesa para a ceia, que estava a pingar a hora canônica.

Estendida sobre o charão uma colcha de damasco de seda franjada, pois o capitão-mor não admitia, como já era uso, comer sobre roupas de linho ou algodão, cobriu-se a mesa da fina louça de porcelana, com ramagens verdes e tarjas douradas. O serviço era todo ele de prata lavrada, com o brasão da casa.

Foi lauta a ceia. Vários assados de vitela, peixe e aves, peças de caça do monte e volateria, carvonadas de carneiro e galinhas, chacinas de porco e uma grande torta de mariscos, formavam a parte suculenta da refeição: o que bem se podia chamar a armação do edifício culinário.

Havia demais, para debicar-se nos intervalos e preparar o estômago para novo assalto, morcelas de Arouca, enchovas, pastelinhos de cabidela, o picante caril, azeitonas, alcaparras, e outras gulosinas naquele tempo inventadas pela arte cibária para regalo dos glutões.

Entre essas iguarias da cozinha portuguesa apareciam os novos quitutes brasileiros, primícias da nacionalidade que já despontava nesse tão importante mister da vida, como em tudo o mais. Viam-se ali os covilhetes de paçoca