Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/182

Wikisource, a biblioteca livre

Foi este o exórdio da arenga que o bacharel trazia preparada para o caso. Pelo Cosme Borralho, que era da sua roda, tivera ele notícia e comunicação do manifesto encomendado por André de Figueiredo ao licenciado Davi de Albuquerque. Atinando desde logo com o pensamento do primo, e não lhe sofrendo a vaidade levasse outro nos conselhos da família as lampas que pretendia somente para si, tratou de pôr cobro ao que julgava uma usurpação.

Nesse propósito entendeu-se com D. Lourença, que era nos últimos tempos a alma viva do capitão-mor, seus olhos e seus ouvidos.

Soberba, imperiosa, rendia-se contudo a matrona pernambucana à admiração e encômios, de que a trazia constantemente incensada Filipe Uchoa, sem que entrasse nesse rendimento o mais remoto vislumbre de ternura. Tal encanto achava D. Lourença em sentir-se adulada pelo mancebo apontado como o grande luminar da família, que raríssimo era recusar-lhe sua condescendência.

Desta vez o caso parecia árduo, pois cifrava-se em induzir D. Lourença a contrariar um plano do próprio irmão, e o de mais estimação. Mas tão ao vivo lhe representou Uchoa os perigos com que o traço imprudente de André de Figueiredo ameaçava a ele