Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/184

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rosto, e empenhar quanto pode e vale a nobreza pernambucana para repor as cousas no seu assento e trazer a bom termo as diferenças que tamanho dano causam. Mas o meio de o alcançar?...

Nesse momento, à porta de entrada fronteira ao sofá, apareceu o vulto do Lisardo e cresceu pela casa adentro. Ao que se via, o poeta da família não estava nos seus eixos; alguma lhe acontecera que o trazia espantadiço. Avançava, não com sua habitual macieza, mas inteiriçado, aos trancos, à guisa de maninelo de papelão empurrado pela mão do titereiro.

Era este nem mais nem menos do que o garoto do Nuno, o qual levado da breca e decidido, fazia finca-pé metendo os braços aos ombros do Lisardo, e aos boléus introduzia em casa do capitão-mor o nosso rimador, apesar da visível repugnância que a este inspirava naquela noite o teto protetor e hospedeiro.

Desta sorte tangido pelo caixeiro, atravessou Lisardo a casa do sofá, e sumiu-se na casa do jantar, sem que as personagens reunidas em torno do capitão-mor fizessem grande reparo no incidente.

A todo momento estavam entrando as pessoas de trato e conversação da casa, e o Lisardo era bem conhecido a título de comensal