Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/19

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ainda atravancava uma gaveta de minha papeleira. Sem advertir que fazia um epigrama ao Cícero pernambucano, perguntei-lhe:

— Que destino devo dar aos objetos que 1'. Ex.a me confiou? Quer que os envie à sua residência?

— Oh! não vale a pena! respondeu com um rubor de primeira legislatura. A mudança, que se operou na política, tirou a estes objetos sua importância.

Ao sair encontrou-se a visita com um indivíduo esguio, que subia a escada. O feto ministerial não se dignou abaixar o augusto e digníssimo olhar para a zumbaia do desconhecido, cujo ar beguino cheirava de longe a morrão de igreja.

Quem havia de ser o sujeito?

O marreco do sacristão, que já foi encaixado na Guarda Nacional vinha à corte pretender um empregozinho para viver. Servia-lhe até mesmo o oficio de seu amigo, o escrivão, arriscado a perdê-lo por certo desfalque no cofre de órfãos.

— Dizem, acrescentou ele; eu não creio; talvez não passem de calúnias; mas enfim tudo pode acontecer.

Trazia-me o mirífico alferes uma carta de recomendação, que lhe dava o direito de importunar-me uma hora a contar sua genealogia, como prólogo necessário e importante da biografia. Mas nunca um tagarela caiu-me tão a propósito do céu como aquele.

— Sr. Beltrão, meus pequenos serviços estão à sua disposição; mas não tenho valimento. É