Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/192

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pondo ao fresco sem mais demora, pois no meio dos seus aprestos vinha-lhe a rajadas, lá da entrada da loja, um certo rumor de vozes, que o tinham alerta.

Desconfiava o rapaz, e não sem motivo, que esse sussurro provinha da prática do pai e do ajudante, naturalmente sentados à calçada da loja. Por maior que fosse a curiosidade de saber o que estavam os dois tramando contra sua liberdade, o medo de que o viesse encontrar o pai, armado em guerra dos pés até a cabeça, tirou-lhe. todo o gosto da escuta e lhe amolou os calcanhares.

Ao toque de ave-maria já estava o Nuno outra vez escondido no mata-pasto em frente à rótula, e a ruminar uma lembrança que lhe acudira. Era nada menos do que sair ao encontro do ajudante, na volta deste, chamá-lo a desafio, e ali mesmo meter-lhe na pele duas boas cutiladas, para ensiná-lo a não se intrometer com a vida alheia.

Quando tinha assentado levar por diante a traça, e já a trazia bem concertada, saiu-lhe o negócio burlado; pois o Negreiros com a pressa de tornar a D. Sebastião, portador de boas-novas, apenas saltou na sela fincou esporas no ginete, e lançou-o a todo o galope. Ninguém o julgaria capaz de tal façanha, achacado