Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/193

Wikisource, a biblioteca livre

como era de várias queixas, que todas lhe provinham dos destemperos de boca. Que heroísmos, porém, não inspira a bajulação?

Assim frustrada sua esperança de vingar-se no ajudante, se deixou ficar o Nuno oculto no mata-pasto, à espreita do nosso poeta Lisardo, com quem contava para o plano que forjara.

Já haviam passado o Rev. João da Costa em companhia de Miguel Correia, e o Lisardo não se resolvia a apartar-se da rótula. Cansado de esperar, o Nuno que não primava pela paciência, foi-se aproximando agachado entre o mata-pasto, e de repente surdiu em face do nosso poeta.

— Defende-te, vilão! gritou o mascatinho engrossando a voz e puxando do chanfalho.

Ao ver-se atacado por uma panóplia, o Lisardo, que sofria de nervoso, ficou estatelado contra a parede, sem voz para proferir palavra; porém maior foi a surpresa quando todo aquele fero se trocou em gargalhada, e ele reconheceu sob a viseira o rosto brejeiro do Nuno.

— Sempre tens uns modos!... disse o nosso poeta arrufado.

— Com que então queria o Sr. Lisardo de Albertim que eu o deixasse muito de seu e sossegado estar aqui de requebros e segredinhos