Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/26

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Tinha cerca de quatro anos o edifício. Acabada nele a obra de pedreiro e carapina, quando se teve de passar ao artigo pintura, vieram as tribulações para o dono, o digno Sr. Simão Ribas, mascate de peso e marca entre os principais do Recife.

Não sei se já ai por essa monarquia doméstica tinham inventado o governo pessoal, e usavam as calças responsáveis meterem-se por baixo da saia inviolável. Cá, no meu alfarrábio, só vejo que houve muita rezinga e altercação, acabando o bate-barba ou questão de alcova, como de costume, com o triunfo completo da trunfa, que era então, como o coque é hoje, a coroa doméstica.

Sabidas as contas, decidira a Sr.a Rufina Ribas que a fachada fosse de uma cor farfante e para ver-se a léguas, lá do alto-mar. Antes de surdir o navio pelo Lameirão adentro, queria a respeitável matrona que sua casa nova entrasse pelas vistas da gente que vinha da santa terrinha.

Nem por sombras ocorreu ao marido a idéia de opor-se à vontade de sua dona. Era um marido constitucional o Sr. Simão Ribas; e não há ai ministro cortesão, a que ele não levasse as lampas na arte insigne de fundir-se, como cera, em figurinhas moldadas ao