Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/36

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Chupando os gomos de cana, ia-os a menina dos papelotes arranjando um perto do outro, em fileiras, sobre o batente da janela; no cuidado com que o fazia, e certo arzinho lesto, se estava denunciando o pensamento de uma travessura, de que ela já saboreava o gostinho.

De vez em quando relanceava um olhar pela praia fronteira do bairro do Recife, desde o Forte do Matos até à ponte, que unia as duas margens, e da qual os tetos das casas e arvoredos dos quintais não lhe deixavam avistar senão a extremidade oposta. Entretanto, se acontecia farfalharem as folhas com alguma rajada mais fresca da brisa do mar ou com o arranco de alguma rola assustada, estremecia a fingida e punha-se alerta.

Reparando nas plantas dos vasos, que formavam seu jardim, o narizinho arrebitado achou-as lânguidas e tristes com o calor do dia, e lembrou-se de regá-las.

Foi dentro buscar um moringue d'água, dos bojudos e pesados como os costumam fazer ainda hoje; e a custo, erguendo-o com ambas as mãos para vencer-lhe o peso, conseguiu deitá-lo no peitoril da janela. Daí inclinando-o, tomava ela os bochechos d'água, que deitava sobre as plantas, de bruços ao parapeito para alcançar o vaso.