Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/40

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tempo o esperto garoto com a vara embaixo do braço e a burjaca ao ombro, reconhecia-o logo pelo moço de um mascate, ou seu caixeiro de rua e balcão.

E não se enganaria, pois tal era o mister que tinha o Nuno na loja de seu pai, o mercador Miguel Viana.

Curta foi a hesitação do rapaz. Meteu-se entre as árvores e aproximou-se sorrateiramente, afastando os ramos para aprochar a casa. Se do lado da casa-a lebre espiava, de cá era o campeiro que passava sutil través da folhagem, aspirando as baforadas do ar e pressentindo um hálito suspeito de envolta com as emanações da brisa e os eflúvios das flores.

Afinal, de espreita em espreita, lá chofraram-se os olhares de ambos, a modo de pélas que se encontrassem no ar e retrocedessem. Como figurinhas de artifício tocadas por mola oculta, tomaram de súbito vária postura. O rapaz, voltando costas à janela, apanhava no chão um ramo seco e partia-o em pedaços, que lhe serviam para atirar à copa das árvores, com o disfarce de abater algum fruto. Quanto à menina, de um ápice escondera-se atrás da ombreira da janela, debulhando nos lábios um riso malicioso, que ralhava com o