Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/41

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rubor derramado pelas faces, da mesma forma que os dedos traquinas estavam às voltas com os alamares do justilho.

Passado um momento, como o Nuno parecia em verdade ocupado com as árvores, o narizinho retorcido que se animara a espiar com o canto do olho pela quina da ombreira, foi a pouco e pouco, de susto em susto, já ousado, e já trêmulo, mostrando-se pela face interior, até que afinal surdiu fora de novo, embora um tanto arisco e desconfiado.

Aí a esperava o fingido moço, que tendo visto de esguelha toda a mímica, voltou-se de supetão; mas, se ouviu um gritozinho semelhante ao da carriça, não enxergou mais que uma sombra a desvanecer-se na obscuridade da recamara.

Tão viva e ligeira como ele, a menina frustrou-lhe a travessura, escondendo-se de novo.

Duas ou três vezes repetiu-se a pantomima, e o rapaz sempre logrado; até que amuou-se, e trepando em um galho d'árvore, sentou-se de costas para a janela, a balançar as pernas e a repetir a cantiga de um folguedo muito em voga então:

Uma, duas, argolinha,
Finca o pé na pepolinha;
O rapaz que jogo faz,