Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/55

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— Um ninho, grandíssimo peralta! bradou o ajudante com suprema indignação e a mais possante ênfase oratória. Um ninho no telhado!...

No ânimo do nosso ajudante um crime de lesa-majestade dos capítulos de primeira cabeça não produziria tamanho horror, qual mostrava, e devemos crer que às veras, diante da enormidade desse atentado inaudito contra a inocente prole da carriça e a inviolabilidade do telhado do Perereca.

Em verdade era grave o caso; assassinato em massa e invasão na propriedade alheia. Se um rei ou um governador se lembrasse disso para distrair-se, inventando uma guerra ou algum monopólio que dizimasse o povo na vida e na bolsa, avisaria o nosso ajudante a excelência da medida; pois qual é o fim da república senão divertir aos príncipes? Mas quando era um galopim que ousava atacar as telhas e os ninhos!... Oh! protérvia!...

Arremessou o capitão o cavalo contra a cerca no intuito de alcançar o artelho do rapaz e derrubá-lo da árvore; mas este que lhe adivinhou o plano apoiando-se na beirada, galgou o telhado e se pôs a salvo.

— Safa rascada! gritou o brejeiro.