Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/59

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por esse gozo inefável de transviver-se em outro, o que já em criança todos pressentíamos com o prazer de inocente folguedo. Qual, no jogo da manja, não procurava de preferência a parceria da menina mais bonita, para atracar-se com ela no cantinho e tão apertados, como se quisessem esconder-se um no outro?

— Que Caifás tão feio que é aquele sujeito! dizia Marta mostrando o ajudante. Cruzes!

— Ah! se eu tivesse já a minha durindana! dizia Nuno com recacho militar; você veria como eu havia de tosar o pêlo àquele barbaças de centurião. Olhe: vá a pequena lá abaixo e busque-me o estoque do pai.

— Deus me livre! Para a mamã ralhar-me!...

— Agora sim! exclamou o rapazinho batendo as palmas de prazer.

— O que é? perguntou curiosa Marta, enfrestando o olhar.

— Cá chega o Vital.

— O primo?

De feito entrara na cena do quintal um novo personagem, bem disposto e elegante cavaleiro, no viço dos anos floridos, pois já andava nos trinta. Sombreavam-lhe o rosto oval fino bigode e pera que ele trazia contra