Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/73

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Vergou-se o petulante rapaz enristando a vara como se fora um virote, e empurrou para diante o escrevente em rota batida. Assim atravessaram rapidamente a ponte, e contornando a praia, foram sair no lugar onde arruava o solitário passeador.

Era também um rapaz; e parecia não ter ainda vinte anos. Ia e vinha ao longo do muro, repetindo em tom soturno palavras sem nexo. Acompanhava o trabalho mental uma gesticulação enérgica. Todo o corpo concorria para aquela mímica, desde a cabeça que pontuava a frase até ao pé que batia a cadência.

Tinha entre os dedos alguma cousa que se lobrigava confusamente no meio do gesto patético. Quando parava para conversar com o muro, percebia-se então perfeitamente que era um prego enferrujado. Servia-lhe de estilete para gravar na caliça da parede as rimas de uma décima em cuja composição suava o jovem árcade.

Ali na página aberta desse álbum dos meninos de escola liam-se já algumas palavras alinhadas no fim de um risco..

_______________ nascer

_______________ instante

_______________ inconstante

_______________ sofrer.