Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/75

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vinda de uma maneira estrepitosa. Arremessou com força o surrão, que foi esbarrar nas canelas do poeta.

— Rende-te, cavaleiro das beldroegas!.

O susto que teve o camarada, surpreendido por aquela imprevista surtida, não se imagina. Todo o indivíduo foi abalado, como se dentro dele puxassem um cordel para fazer dançar cabeça, braços e pernas de arlequim. Logo, porém, que tornou a si do choque, compôs nos lábios um sorriso de bondade extrema para saudar os recém-chegados.

— Que maricas!... exclamou Nuno a rir-se. Quero ver como te aviarás agora com a guerra.

— Que diz você, Nuno? Pois temos guerra?

— Não acredite!... soprou o Pisca.

O caixeiro levantou com a ponta do pé o balote, pondo-o a prumo para lhe servir de tamborete.

— Pois não sabes? Vai haver um levante dos de Olinda; e leva tudo a breca.

— Quem lhe disse, Nuno? Será sério?

— Não leva três dias a arrebentar'. Quem disse foi o Tunda-Cumbe.

— O Manuel Gonçalves? acudiu o Pisca-Pisca.

— Você bem sabe a gana que ele tem aos nobres, por causa da sova que lhe pregaram.