Página:Guerra dos Mascates (Volume I).djvu/81

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— Não gosto de ser leva-e-traz; mas olhe que já em casa do capitão-mor um destes dias se cochichou: "Tenho notado que o Lisardo vai muito pelo Recife." Bem entendido, contaram-me, que eu não ando lá pela casa desses senhores. Mas no cartório sabe-se de tudo.

— Pois se não houver outro meio que melhor acomode as cousas, nesse caso vencerá a força maior.

— A barriga? perguntou o Cosme com uma mímica expressiva.

— Barriga não passa de vasilha: força é a fome; mas vence a do coração, por maior. Senão vejam: ainda não jantei hoje; e contudo estou bem contente de minha vida.

— Assim pende você decididamente para o Recife! concluiu o Cosme.

— Se não houver outro remédio?

— Pois então, atalhou Nuno, erguendo-se de um salto, comigo se há de haver o Sr. Lisardo de Albertim, poeta d'água doce, que me anda esgravatando versos no monturo para garatujá-los nas paredes! Está entendendo?...

Aquele pequeno repouso de uma natureza impetuosa devia ter breve sua explosão. Enquanto o macio poeta o contemplava maravilhado, e o escrevente lhe espreitava os movimentos