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SCENA VI
Um quarto no castello de Elsenor


Entram HORACIO e um CREADO
HORACIO

Quem é que me pretende fallar?

O CREADO

Marinheiros... e dizem que têem cartas que lhe são dirigidas.

HORACIO

Que entrem pois; (o creado sáe) (só) não percebo de que canto do mundo se lembraram de me escrever. Só se for Hamlet.

Entram os MARINHEIROS
PRIMEIRO MARINHEIRO

Guarde-o Deus, senhor!

HORACIO

Igualmente a ti!

PRIMEIRO MARINHEIRO

Fal-o-ha, se for da sua vontade. (Entrega uma carta) Aqui tem esta carta, é do embaixador que foi mandado a Inglaterra; o senhor, segundo me asseguraram, chama-se Horacio, não é verdade? (Dá-lhe outra carta.)

HORACIO (abrindo a carta, lendo)

«Horacio, quando receberes esta carta, proporciona a estes homens o fallarem ao rei; têem cartas para lhe entregar. Mal tinhamos dois dias de viagem, um corsario armado até aos dentes deu-nos caça; vendo nós que elle era mais veleiro, fizemos das fraquezas forças, e encetámos combate. Na abordagem, saltei-lhe na tolda, mas n'aquelle momento afastaram-se os dois navios, e eu achei-me só e prisioneiro. Comportaram-se commigo como corsarios humanos, mas sabiam o que faziam, porque contam pedir avultado resgate. Faze chegar ás mãos do rei a carta que lhe envio, depois vem ter commigo, com a celeridade que porias em evitar a morte. Tenho que confiar aos