os rapazes fumavam, os jogadores decidiam as últimas remissas. A noite não refrescara, e a agitação aumentara o calor. Helena, tão cansada como D. Úrsula, retirara-se por alguns instantes para a sala contígua à principal; ali sentou-se num sofá, e derreou levemente o corpo, deixando cair os cílios, não sei se pensativos, se pesados de sono. O espírito não tivera tempo de encadear duas idéias ou esboçar um sonho, quando uma voz a acordou:
— Já dormindo!
Era Camargo.
Helena abriu os olhos sobressaltada. A voz de Camargo produzira-lhe a impressão de desagrado que lhe fazia sempre. Sorriu a moça contrafeitamente, e, vendo que ele se dispunha a sentar-se no sofá, não arredou o vestido, como se quisesse deixar entre ambos larga distância. Camargo sentou-se.
— Parece que se assustou? disse ele.
— Um pouco.
Camargo agitou entre as mãos os perendengues do relógio, tão numerosos como eles se usavam naquele tempo; depois pegou familiarmente no leque da moça, abriu-o, contou as varetas, tornou a fechá-lo e restituiu-o com um elogio. Helena