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humano. Daquele sonho foi despertada pelo pai, que lhe imprimiu na testa o seu segundo beijo. O primeiro, como o leitor se há de lembrar, foi dado na noite da morte do conselheiro. O terceiro seria provavelmente no dia em que ela casasse.

— Sabes que te amo, Eugênia? disse Camargo olhando para ela.

— Papai!

Camargo não pôde dizer mais nada. O amor, um instante expansivo, volveu a aninhar-se no fundo do coração, onde sempre estivera. A satisfação do médico precisava do silêncio e do recolhimento para saborear-se. Foi então que Eugênia passou às mãos de D. Tomásia. A mulher do Dr. Camargo via aquele casamento com olhos diferentes do marido. O que ela sobretudo via, eram as vantagens morais da filha. Sentou-a ao pé de si e recitou-lhe um catecismo de deveres e costumes, que Eugênia interrompia de quando em quando, com exclamações de obediência filial:

— Sim, mamãe!... Deixe estar!... Mamãe há de ver!...

D. Tomásia sentia-se feliz. O rosto, cuja expressão era vulgar, tinha naquela ocasião alguma coisa que o tornava sublime. Ela fez que a filha se lhe sentasse no regaço; e esta sentindo