Página:Helena.djvu/212

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Mendonça por espontânea vontade; e conheço-a tanto que não acho já possível que ela recuse.

— Salvo o meu consentimento.

— É claro; mas por que o não daria?

— Porque não desanimo de descobrir a pessoa a quem Helena entregou o coração. Talvez ela ache impossível aquilo que é simplesmente difícil. Demais, não esqueçamos que Helena mal tem dezessete anos.

— Valem por vinte e cinco.

— Pode ser; mas convém não aceitar de coração leve uma condescendência ou um capricho, ou qualquer outro motivo oculto que a inspira nesta resolução.

— Que motivo seria?

— Eu sei! Talvez a suspeita de que estimássemos vê-la afastar-se de casa.

— Não a calunie; Helena tem perfeita ciência e consciência dos afetos que a rodeiam e da estima em que é tida. Suas objeções não valem nada diante da declaração que ela própria fez. Não compliquemos uma situação simples e definida.

Melchior proferiu estas palavras com voz branda, mas em tom firme; Estácio não se animou a responder logo. Voltou, porém, ao primeiro argumento; depois, aventurou uma objeção nova.

— Mendonça é bom coração, disse ele; mas não possui