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e foi dali ter com Estácio. O sobrinho encaminhava-se para a sala de jantar.

— Vamos para a mesa, disse ele, não convém que os escravos saibam de tais crises...

D. Úrsula referiu o estado em que achara Helena e as palavras que trocara com ela. Estácio ouviu-a sem nenhuma expressão de simpatia. O jantar foi um simulacro; era um meio de iludir a perspicácia dos escravos, que aliás não caíram naquele embuste. Eles conheceram perfeitamente que algum acontecimento oculto trazia suspensos e concentrados os espíritos. As iguarias voltavam quase intactas; as palavras eram trocadas com esforço entre a sinhá velha e o senhor moço. A causa daquilo era, com certeza, nhanhã Helena.

Estácio deu ordem para que a todas pessoas estranhas se declarasse estar ausente a família. A única exceção era o padre Melchior. A esse escreveu pedindo-lhe que os fosse ver.

— Não posso esperar até amanhã, disse D. Úrsula; se tens de revelar alguma coisa a um estranho, por que o não fazes a mim primeiro? Dize-me o que há. Não posso ver padecer Helena; quero consolá-la e animá-la.

— O que tenho para dizer é longo e triste, retorquiu Estácio; mas, se deseja sabê-lo desde já,