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O padre refletiu um instante; Estácio pareceu adivinhá-lo.

— Quer ainda outra promessa? perguntou ele. Quer que a evite de todos os modos?

— Sim; que a considere como pessoa totalmente estranha.

— Poderia ser de outra maneira? observou melancolicamente Estácio. Os sucessos destes dias são, por enquanto ao menos, uma barreira entre ela e sua família. Demais, eu seria destituído de todo o senso moral...

— Jura?

— Juro.

Melchior desabrochou a camisa, e aventou um crucifixo de marfim, que lhe pendia de uma fita preta, ao pescoço.

— Esta, disse ele com voz singela, é a efígie do teu Deus. Tão puro exemplo de castidade não viram os séculos nem antes nem depois que ele desceu à terra. Jura o que me prometes.

— Padre-mestre, retorquiu Estácio; minha palavra era bastante. Mas, se é preciso afirmação mais solene, eu a darei tal qual me pede.

Estácio inclinou a cabeça sobre o crucifixo e beijou-o respeitosamente; depois beijou a mão ao padre. Melchior abençoou-o e saiu.