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A seguinte aurora alumiou um céu puro de nuvens. Estácio acordou com ela, depois de uma noite mal dormida. Nunca a manhã lhe pareceu mais rumorosa e jovial; nunca o ar apresentara tão fina transparência nem a folhagem tão lustrosa cor. Da janela a que se encostara, via as flores de todos os matizes, quebrando a monotonia da verdura, e enviando-lhe, a ele, uma nuvem invisível de aromas; aspecto de festa e ironia da natureza. Estácio achava-se ali como um saimento em horas de carnaval.

Almoçou sozinho; D. Úrsula estava com Helena. Logo depois do almoço, recebeu uma carta de Mendonça, que, tendo ido na véspera a Andaraí recebera a resposta dada a todos, e mandava saber se havia moléstia em casa. Estácio respondeu afirmativamente, acrescentando que, posto não se tratasse de coisa grave, só o esperava dois dias depois. A resposta podia ser mais circunspecta; no estado em que ele se achava, pareceu-lhe excelente.

Pela volta do meio-dia, chegou Melchior. Na sala de visitas achou D. Úrsula, que o espreitava de uma das janelas.

— Helena? perguntou ele ansioso.

— Já hoje desceu, respondeu D. Úrsula. Está mais tranqüila. Não lhe perguntei nada, mas dizendo-