Página:Helena.djvu/276

Wikisource, a biblioteca livre

lhe que o senhor viria falar-lhe, mostrou-se ansiosa por vê-lo, e pediu-me até que o mandasse chamar.

Seguiram os dois até à saleta que ficava ao pé da sala de jantar. Helena estava sentada, com a cabeça caída sobre as costas da cadeira, e os olhos metade cerrados. Logo que o padre entrou, Helena abriu os olhos e ergueu-se. Vivo e passageiro rubor coloriu-lhe as faces pálidas da vigília e da aflição. Ergueu-se e deu dois passos para o padre, que lhe apertou as mãos entre as suas.

— Imprudente! murmurou Melchior.

Helena sorriu, um sorriso pálido e tão passageiro como a cor que lhe tingira o rosto. D. Úrsula dispôs-se a ir chamar Estácio, que estava no andar de cima. Apenas a viu sair, Helena segurou em uma das mãos do padre.

— Queria vê-lo! disse ela. Não tenho ânimo de falar a ninguém mais, de dizer tudo...

— É inútil; tudo sei, interrompeu Melchior sorrindo. O Vicente foi hoje de manhã à minha casa; foi de movimento próprio; relatou-me quanto sabia; disse-me que esse homem é seu irmão; que a senhora o ia ver, a ocultas, não podendo ou não querendo apresentá-lo em casa de seus parentes. O escrúpulo era excessivo, e o ato leviano. Por que motivo dar aparência incorreta a um