sentimento natural? Teria poupado muita aflição e muita lágrima, a si e aos seus, se tomasse antes o caminho direito, que é sempre o melhor.
Helena ouviu estas palavras do padre com a alma debruçada dos olhos. Não parecia sequer respirar. Quando ele acabou, perguntou sôfrega:
— Com que intento lhe falou ele?
— Com o mais puro de todos; desconfiou que a senhora padecia e por isso veio contar-me tudo.
Helena cruzou os dedos e ergueu os olhos. Melchior não a quis interromper nessa ascensão mental ao céu; limitou-se a contemplá-la. A beleza de Helena nunca lhe parecera mais tocante do que nessa atitude implorativa. A contemplação não durou muito, porque a oração foi breve.
— Orei a Deus, disse ela, descendo as mãos, porque infundiu aí no corpo vil do escravo tão nobre espírito de dedicação. Delatou-me para restituir-me a estima da família. Aquilo que ninguém lhe arrancaria do coração, tirou-o ele mesmo no dia em que viu em perigo o meu nome e a paz de meu espírito. Infelizmente, mentiu.
Melchior empalideceu.
— Mentiu sem o saber, continuou a moça. Disse o que supunha ser verdade, o que eu lhe dei como tal. Não é meu irmão esse homem.
Melchior inclinou-