— Perfeitamente.
— Sabe que motivo nos traz à sua casa?
— Não, senhor.
— Confessa a autoria desta carta?
Salvador estremeceu; depois respondeu com um gesto afirmativo.
— Pretende que Helena é sua filha, disse o moço depois de um instante. Confirma verbalmente o que escreveu?
— Helena é minha filha.
Melchior interveio:
— Há um ano, falecendo, o meu velho amigo conselheiro Vale reconheceu Helena, por uma cláusula testamentária; recomendava à família que a tratasse com afeto e carinho e designava o colégio em que ela estava sendo educada. O fato do reconhecimento e as circunstâncias que apontou, dão toda a veracidade à palavra do morto. Que prova apresenta o senhor em contrário a ela?
— Nenhuma, disse Salvador; não tenho prova de nenhuma natureza.
— Na falta de provas, prosseguiu o capelão, poderia dizer-nos como supor da parte do conselheiro uma falsificação, tratando-se de disposição tão grave como essa de introduzir uma pessoa estranha na família?