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Helena, entretanto, recusou. Irmão embora, era a primeira vez que o via, e, ao que parece, a primeira que podia achar-se a sós com um homem que não seu pai. D. Úrsula, talvez porque preferisse ficar só algum tempo, disse-lhe secamente que fosse. Helena acompanhou o irmão. Percorreram parte da casa, ouvindo a moça as explicações que lhe dava Estácio e inquirindo de tudo com zelo e curiosidade de dona da casa. Quando chegaram à porta do gabinete do conselheiro, Estácio parou.

— Vamos entrar num lugar triste para mim, disse ele.

— Que é?

— O gabinete de meu pai.

— Oh! deixe ver!

Entraram os dois. Tudo estava do mesmo modo que no dia em que o conselheiro falecera. Estácio deu algumas indicações relativas ao teor da vida doméstica de seu pai; mostrou-lhe a cadeira em que ele costumava ler, de tarde e de manhã; os retratos de família, a secretária, as estantes; falou de quanto podia interessá-la. Sobre a mesa, perto da janela, estava ainda o último livro que o conselheiro lera: eram as Máximas do marquês de Maricá. Helena pegou nele e beijou a