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curia romana[1]. Munido das instrucções e recursos necessários, esperou ensejo favoravel para sair do reino sem perigo. Não tardou este a proporcionar-se-lhe. Elrei, que já por mais de uma vez aproveitara a sua destreza em commissões arduas, precisou de empregá-lo fóra do paiz em negocio importante, cuj natureza ignoramos. Foi no dia da partida que o astuto christão-novo recebeu o grau de cavalleiro. Em vez, porém, de se dirigir ao logar onde era enviado, partiu para Roma e alli começou a advogar a causa dos conversos, posto que não se apresentasse abertamente como seu procurador[2].

Desde que perante Clemente vii se tractara

  1. Estas especies ácerca de Duarte da Paz são tiradas de uma carta sua a elrei, de que brevemente nos aproveitaremos, e de dous officios curiosíssimos de D. Martinho, arcebispo do Funchal, embaixador em Roma, de 14 de março e 13 de setembro de 1535, que se acham na G. 2, M. 1, N.° 48 e M. 2, N.° 50, no Arch. Nac.
  2. «Duarte da Paz procura não embuçado, como fazia em vida de Clemente, mas publico»: Carta de D. Martinho de 14 de março de 1535, 1, c. Veja-se tambem a minuta da carta de João iii a Santiquatro de ? de 1536 (G. 2, M. 1, N.° 28) onde se acham as outras particularidades relativas a Duarte da Paz e á sua saída do reino.