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do estabelecimento da Inquisição em Portugal, a corte pontifícia pensava tambem em enviar a Lisboa um homem de confiança, revestido do caracter de nuncio[1]. Vacillou-se muitos mezes na escolha; mas, emfim, foi nomeiado Marco Tigerio della Ruvere, bispo de Sinigaglia, que, partindo de Roma nos fins de maio de 1532, chegou a Portugal nos principios de setembro desse anno[2]. Por outra parte, D. João iii tractava de substituir o embaixador Brás Neto por um individo que melhor representasse a energica vontade com que elle estava resolvido a sustentar a nova instituição, e que fosse capaz de empregar com zelo e destreza todos os arbitrios para defender as obtidas concessões, as quaes o governo português bem sabia que os christãos-novos haviam de combater com todas as suas forças. Não podia a escolha recahir melhor do que em D. Martinho de Portugal,

  1. Cartas de B. Neto de 11 de junho e de 1 de agosto de 1531, l. cit.
  2. Breve de 15 de maio de 1532, no M. 19 de Bullas N.° 20. — Carta de B. Neto de 3 de junho de 1532, no Corpo Chronol., P. 1, M. 49, N.° 10.— Carta do bispo de Sinigalia a D. João iii de 2 de setembro de 1532, ibid. N.° 101; tudo no Arch. Nac.