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Página:Herculano, Alexandre, História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, Tomo II.pdf/191

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seus accusadores e dos que deposessem contra elles, para poderem impugná-los e defender-se. A bulla terminava abrogando todos os privilegios e resoluções pontificias que obstassem á sua execução[1].

Apesar de ser expedida a 23 de maio, e das instancias que faziam os agentes de D. João iii e de Carlos v, a bulla da Inquisição só se chegou a enviar nos meiados de julho[2], provavelmente pelos embaraços que os numerosos protectores dos christãos-novos em Roma lhe deviam suscitar. A final, D. Henrique de Meneses, que, como vimos, havia muito que insistia na sua exoneração, regressou a Portugal, trazendo comsigo o resultado definitivo de uma negociação que tantas fadigas e desgostos lhe causara. Terminada na chancellaria romana a expedição da bulla, Santiquatro escrevera a elrei nos principios de junho, explicando algumas das provisões della, e manifestando-lhe o pensamento e in-

  1. Bulla Cúm ad nihil magis de 23 de maio de 1536: M. 9 de Bullas, N.° 15, no Arch. Nac. — Collectorio das Bullas da Inquis., f. 1 v. e segg.— Symm., vol. 32, f. 1 v.
  2. Carta de Santiquatro de 20 de julho de 1536, em Sousa, Annaes, p. 398.