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de Portugal. Chegado o novo agente a Roma, D. Miguel da Silva quiz mostrar, pelo seu procedimento, que era digno daquella situação a que o queria elevar um principe extranho e que lhe negava seu rei natural, a quem longamente servira. Declarou ao papa que a sua tenção era obedecer e sair immediatamente de Roma para Lisboa. Na verdade o sacrificio não era tão grande como pelas apparencias se poderia conjecturar. Nos vivos desejos que tinha de obstar ao engrandecimento do seu ministro juncto da curia, D. João iii não poupara as promessas de honras e beneficios, promessas que, aliás, mal se cumpriram. Chegando a Portugal, D. Miguel da Silva foi, na verdade, eleito bispo de Viseu e nomeiado Para o eminente cargo de escrivão da puridade[1]. Exercia-o então D. Antonio de Noro-

  1. A historia da primeira epocha da vida do celebre D. Miguel da Silva encontra-se, não tanto na Lusitania Purpurata de Macedo, no opusculo de Pereira Portugueses nos Concilios Geraes, ou na Memoria sobre os Escrivães da Puridade de Trigoso, trabalhos assás imperfeitos, como nos breves de 7 e 30 de julho de 1525 e de 23 de março de 1526, no M. 26 de Bullas N.os 21, 22, 23, e nas cartas do mesmo D. Miguel e de D. Martinho de Portugal, no C. Chronol., P. I, M. 30, N.os 55, 59, 61, 62, 63, 66, e