Página:Herculano, Alexandre, História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, Tomo II.pdf/354

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misturavam-se com as promessas de honras e benefícios para o foragido. Qual era a consequencia de tudo isso? Era que a purpura assentava bem nos hombros de um homem tão digno e que tanto se desejava tornasse para Portugal. O que principalmente obstava ás ambições, já meias realisadas, de D. Miguel, eram as insinuações de Carlos v e as diligencias do seu ministro em Roma, opposição muito mais seria do que a d'elrei, numa corte que, sobretudo, respeitava as conveniencias politicas[1].

Ao passo que se agitava esta questão, insignificante em si, mas que a ambição de um velho clerigo e o orgulho, ou antes a vaidade, d'elrei e dos seus irmãos davam uma importancia que ella não tinha, tractava-se na curia romana negocio mais grave. Os prasos limitados a D. Pedro Mascarenhas, para se concluir um accordo entre elrei e o papa ácerca da Inquisição e dos conversos, tinham passado havia muito nos meiados de 1541, sem que se chegasse a conclusão alguma. Ao menos, como já advertimos, não se encontram

  1. Carta de Christovam de Sousa a elrei de 8 de dezembro de 1541: Collecção de Mss. de S. Vicente, vol l, f. 139, no Arch. Nac.