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Página:Herculano, Alexandre, História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, Tomo II.pdf/48

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verdade ; se o ouro dos hebreus aviventava na curia romana o espirito da caridade evangelica, deve-se confessar que elles não o haviam poupado. As diligencias de Santiquatro e dos embaixadores eram incessantes. D. João iii obtivera anteriormente do seu cunhado, Carlos v, cartas para o papa, nas quaes o imperador recommendava vivamente o negocio[1]. A grande maioria, porém, dos cardeaes e outras pessoas influentes na curia ou protegiam abertamente a causa dos christãos-novos ou inclinavam-se á indulgência. Ainda antes da enviatura de D. Henrique de Meneses, o embaixador hespanhol e o cardeal de Sancta-Cruz, acompanhando o arcebispo do Funchal ao Vaticano, para entregarem as cartas do imperador ácerca deste negocio, tinham falado ao pontífice de um modo inteiramente contrario ás recommendacões escriptas de Carlos v, louvando a resolução que o papa tomara de conceder o amplo perdão de 7 de abril[2]. Eram instrucções secretas que para isso tinham, e

  1. Vejam-se as carias de D. Martinho de 14 de março e de 13 de septembro de 1535 (G. 2, M. 1, N./° 48 e M. 2, N.° 50, do Arch. Nac.) onde se allude a estes factos anteriores.
  2. Carta de D. Martinho de 14 de março, l. cit.