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Página:Herculano, Alexandre, História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, Tomo III.pdf/112

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thasar de Faria desde logo receiou o completo transtorno de um negocio que estava tão bem affigurado[1]. Entre aquelles procuradores, o de Lamego, Jacome da Fonseca, parece ter sido encarregado do papel principal e de manter na curia as relações geraes com os chefes da nação[2]. A sede de ouro era tal naquella Babylonia de prostituição, que, quando o perigo extremo constrangia os judeus portugueses a pôrem de parte a habitual parcimonia e serem amplamente generosos, o primeiro embate tornava-se, a bem dizer, irresistivel, e naquella situação apertada elles tinham comprehendido que a parcimonia não era por certo o melhor instrumento de salvação[3].

  1. «temo que me ande vir árrombar, porque desbaratam o mundo com peitas»: C. de B. de Faria de 15 de outubro de 1543, l. cit.
  2. C. d'elrei para B. de Faria de 4 de fevereiro de 1544 na correspondencia de B. de Faria, fl. 49, na Biblioth. da Ajuda.
  3. «he impossivel resistir ao suborno desta gente, porque exactissima diligencia não basta: á mister mão de Deus: os officiaes são muitos, e nesta terra é gram maravilha serem bõos: e a maior parte delles, da follosa até o grou, promtos a tomar sem pejo quanto lhes dam: ora veja vossa alteza a impresam que faram nelles clinstãos-novos neces-