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Página:Herculano, Alexandre, História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, Tomo III.pdf/245

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de e energia se deviam os termos a que chegara. A escaçez das colheitas ameaçava Portugal de uma daquellas fomes, ainda não raras no seculo xvi, que vinham acompanhadas de outros flagellos, e a que só mui imperfeitos remedios sabíam achar os governos e os povos. O mais obvio era mandar comprar cereaes por conta d'elrei, no que então podia considerar-se como o granel da Europa, a Sicilia. Achou-se que o homem mais proprio para se obter bom e rapido desempenho naquella occorrencia era Simão da Veiga. Expediram-se-lhe ordens que o obrigaram a partir para Palermo[1]. Ficou só Balthasar de Faria, cuja influencia e importancia não podia ter deixado de padecer quebra pelo facto de se lhe haver dado um collega mais auctorisado. E de feito, como veremos, as negociações entorpecidas pela saída de Simão da Veiga, dilataram-se, através de phases obscuras, até os primeiros mezes de 1546.

Entretanto Ricci de Montepoliziano transpunha a fronteira nos principios de setembro de 1545 e apresentava-se na corte de D. João iii.

  1. As correspondencias ácerca da compra de cereaes na Sicilia em 1545, acham-se principalmente Collecç. do Sr. Moreira, Quad. 2.