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ao papa[1], justificavam qualquer procedimento energico da parte d'elrei. Obstar á entrada do nuncio pareceu desde logo urgente. Era este, pelo menos, o voto da maioria dos inquisidores e dos seus parciaes, e ainda os que viam nisso uma offensa á sancta sé concordavam em que, embora se deixasse entrar o bispo de Bergamo, se lhe não consentisse usar do seu officio e jurisdicção[2]. Despachou-se André Soares para Hespanha munido de uma carta d’elrei para o novo nuncio e de instrucções relativas ao assumpto, ao mesmo tempo que se escrevia a Francisco Pereira, ministro na corte do imperador, para que indagasse quando e por onde vinha Luiz Lippomano, e do que soubesse avisasse André Soares, que deveria parar em Valladolid para proceder a iguaes indagações[3]. A carta ao bispo de Bergamo era assás succinta. Intima-

  1. Veja-se a carta de Francisco Botelho de 26 de dezembro de 1542, na G. 2, M. 1, N.° 49, que adiante havemos de aproveitar.
  2. Parecer dos letrados ácerca da entrada do nuncio Lippomano: Collecç. do Sr. Moreira, Quad. 11 in medio.
  3. Minutas das cartas ao nuncio, e a Francisco Pereira, e das instrucções a André Soares, Ibid. passim.