com grande interesse. Nesta conjuntura decisiva, uma estranha aliança de escritores, hackers, capitalistas e artistas da costa oeste dos EUA teve sucesso em definir uma ortodoxia heterogênea para a era da informação vindoura: a Ideologia Californiana.
Esta nova fé emergiu de uma bizarra fusão da boemia cultural de São Francisco com as indústrias de alta tecnologia do Vale do Silício. Promovida em revistas, livros, programas de televisão, páginas da rede, grupos de notícias e conferências via Internet, a Ideologia Californiana promiscuamente combina o espírito desgarrado dos hippies e o zelo empreendedor dos yuppies. Este amálgama de opostos foi atingido através de uma profunda fé no potencial emancipador das novas tecnologias da informação. Na utopia digital, todos vão ser ligados e também ricos. Não surpreendentemente, esta visão otimista do futuro foi entusiasticamente abraçada por nerds de computador, estudantes desertores, capitalistas inovadores, ativistas sociais, acadêmicos ligados às últimas tendências, burocratas futuristas e políticos oportunistas por todos os EUA. Enquanto o recente relatório de uma Comissão da União Europeia recomenda seguir o modelo californiano de “livre mercado” para construir a “superestrada da informação”, artistas de vanguarda e acadêmicos imitam avidamente os filósofos “pós-humanos” do culto Extropiano[i] da costa oeste[1]. Sem rivais óbvios, o triunfo da Ideologia Californiana parece completo.
O amplo apelo destes ideólogos da costa oeste não é simplesmente resultado de seu otimismo infeccioso. Acima de tudo, eles são defensores apaixonados do que parece uma forma de política impecavelmente libertária — eles querem que as tecnologias da informação sejam usadas para criar uma nova “democracia jeffersoniana”, em que todos os indivíduos serão capazes de se expressar livremente dentro do ciberespaço[2]. No entanto, ao defender