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Página:Ideologia-californiana revisado1.pdf/22

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Nesta versão da Ideologia Californiana, é prometida a cada membro da “classe virtual” a oportunidade de se tornar um empreendedor hi-tech de sucesso. As tecnologias da informação, continua o argumento, dão poder ao indivíduo, aumentam a liberdade pessoal e radicalmente reduzem a força do estado-nação. As estruturas de poder social, político e legal existentes irão murchar, para serem substituídas por interações irrestritas entre indivíduos autônomos e seus softwares. Estes McLuhaníacos reestilizados argumentam vigorosamente que o governo deveria sair da frente de empreendedores engenhosos, as únicas pessoas ligadas e corajosas o suficiente para aceitar riscos. Em vez de regulamentos contraproducentes, engenheiros visionários estão inventando as ferramentas necessárias para a criação de um “livre mercado” no ciberespaço, tais como codificação, dinheiro digital e procedimentos de verificação. Com certeza, tentativas de interferir junto às propriedades emergentes destas forças tecnológicas e econômicas, particularmente pelo governo, mal repercutem nos que são tolos o suficiente para desafiar as leis primitivas da natureza. De acordo com o editor executivo da Wired, a “mão invisível” do mercado e as forças cegas da evolução darwinista são na verdade uma e a mesma coisa[1]. Como nos romances de ficção científica de Heinlein e Asimov, o caminho rumo ao futuro parece levar de volta ao passado. A era da informação do século XXI será a realização dos ideais liberais oitocentistas de Thomas Jefferson: "...a (...) criação (...) de uma nova civilização, fundamentada nas verdades eternas do Ideal Americano”[2].

22
  1. Ver KELLY, Kevin. Out of Control: the new biology of machines. London: Fourth State, 1994. Para uma crítica do livro, ver BARBROOK, Richard. The Pinnochio Theory.
  2. PROGRESS AND Freedom Foundation. Cyberspace and the American Dream: a magna carta for the knowledge age. p.13. Toffler e seus amigos também proclamam orgulhosamente que: “A América (...) continua sendo a terra da liberdade individual, e esta liberdade claramente se estende ao ciberespaço”, na página 6 do mesmo Cyberspace and the American Dream. Ver também KAPOR, Mitch. Where is the Digital Highway Really Heading?. Wired, jul/ago, 1995.