Mestres Ciborgues e Escravos Robôs
O medo da “subclasse” rebelde agora corrompeu o mais fundamental dogma da Ideologia Californiana: sua crença no potencial emancipador das novas tecnologias. Enquanto os proponentes da ágora eletrônica e do mercado eletrônico prometem libertar os indivíduos das hierarquias do estado e monopólios privados, a polarização social da sociedade americana está trazendo para diante uma visão mais opressiva do futuro digital. As tecnologias da liberdade estão se tomando os instrumentos da dominação.
Em sua propriedade em Monticello, Jefferson inventou muitas bugigangas espertas para sua casa, como uma bandeja mecânica para levar a comida da cozinha até a sala de jantar. Mediando o contato com seus escravos através da tecnologia, este individualista revolucionário poupou a si mesmo de encarar a realidade de sua dependência do trabalho forçado de seus companheiros humanos[1]. No final do século XX, a tecnologia está sendo mais uma vez utilizada para reforçar a diferença entre os senhores e os escravos.
De acordo com alguns visionários, a busca pela perfeição da mente, corpo e espírito vai inevitavelmente levar ao surgimento do “pós-humano”: uma manifestação biotecnológica dos privilégios sociais da “classe virtual”, Enquanto os hippies enxergavam o auto desenvolvimento como parte da libertação social, os artesãos hi-tech da Califórnia contemporânea são mais propensos a procurar autossatisfação através da terapia, da espiritualidade, dos exercícios ou outras perseguições narcisistas. Seu desejo de escapar para dentro do subúrbio gradeado do hiper real é apenas um aspecto desta profunda auto obsessão[2]. Estimulado por supostos avanços em “Inteligência Artificial” e ciência médica, o culto Extropiano