Página:Inspirações do Claustro.djvu/48

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Penetra o riso mofador dos homens,
E o molejo do cálido filósofo,
Presumido de si, — como a ignorância,
Que lhe preside aos erros e aos sofismas.
— Nem se queixa: — que é findo o seu martírio,
Única herança, que ao nascer lhe coube!
 
 

II


 
O varão do Senhor, — Moisés, o justo,
Pulsou primeiro os nervos do saltério.
E o estro virgem ressumbrou-lhe aos lábios,
Como a torrente, — impetuoso e santo.
Subiu aos céus, nas azas dos arcanjos,
Um hino a Deus, que lhe acendera a mente.
E o tipo então de sua onipotência
Ao ser finito transmitiu-se.— O povo
Ouviu na terra a incógnita linguagem,
— A linguagem do Eterno. Ouviu-a extático
O mundo inteiro, no estupor do espanto,
Como a explosão vulcânica primeira.
Estreme que era o fogo do profeta,
E a voz e os olhos e o acento e o cenho!
Justiça do Senhor! — Após os tergos
Sepultado o cavalo e o cavaleiro
Nas águas do mar-rubro: — e dante os olhos
Esses vergéis da intacta Palestina,