Página:Inspirações do Claustro.djvu/49

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Prometendo delicias suavíssimas,
Como os olhos da noiva espreguiçados
Nas expansivas, rutilas pupilas
Do paraninfo, que lhe assiste às bodas
Ao mando do Senhor, e à noite e ao toro
Lhe profetiza trêfegos amores.
Esses sublimes alcantis e cerros,
Donde desciam por quebradas trêmulas,
Lambendo os troncos de copudos cedros,
Beijando as hástias de mimosas flores,
Entre os convulsos sílices de gemas,
De mel e leite os trépidos arroios.
 
Oh Palestina, oh virgem dos mistérios!
Quem assentado em teus alpestres píncaros,
Sentindo o vendaval soprar-lhe a grenha,
E o cedro secular rompendo as nuvens,
Como um gigante, — e ao sopé dos montes
O rio a murmurar, como a donzela
Junto do amante a desfazer-se em queixas,
E ao longe a voz dos vagalhões bramindo
Horrenda mais que a confusão do inferno,
— Quem poderá deixar de ser poeta
Ao menos uma vez, — oh pátria de anjos,
Oh Palestina, oh virgem dos mistérios!
 
 
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