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construida de modo que se não possam evaporar os espiritos magneticos que n'ella estiverem guardados. E mais adeante accrescenta :


....e como o ar no mesmo dia às vezes está mais ou menos condensado e conseguintemente tem mais ou menos virtude magnetica dentro no mesmo espaço, assim esta machina subirá mais ou menos....


Nem sirva de objecção às conclusões, a que chegámos, o Manifesto. Porque, como já dissemos, ao auctor importava não divulgar o seu segredo. Além disso, tendo sido a machina experimentada n'uma sala da Casa da India, claramente se vê que a sua força ascensional não provinha de peças construidas á similhança de azas, as quaes de necessidade exigiam um espaço muito mais amplo para produzirem a elevação.

Provam os documentos citados que Bartholomeu Lourenço de Gusmão se servira do fogo na experiencia que fizera em presença da corte. Todavia, sendo já o hydrogenio conhecido no principio do seculo passado, não temos por impossivel que o inventor da machina volante tencionasse substituil-o ao ar dilatado, quando dos primeiros ensaios passasse a pôr em execução o seu vasto plano de navegação aerea. O ar rarefeito pelo fogo tinha applicação n'uma experiencia em ponto pequeno ; tornar-se-hia porém este meio insufficiente, não só pelo risco de incendio mas tambem pela impossibilidade de transportar o necessario combustivel, quando se quizessem fazer viajens de muitas leguas.

A experiencia da Casa da India parece ter sido a ultima tentativa de Bartholomeu Lourenço de Gusmão para resolver o grande problema de que se occupou. Em nenhuns documentos conhecidos apparecem noticias de posteriores trabalhos.

Seria o padre Gusmão mal succedido n'aquelle ensaio e abandonaria por este motivo o seu projecto?

Assim o julgou o auctor da memoria biographica