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2.a
Ao mesmo assumpto
SONETO
Veio na frota um duende brazileiro,
Em traje clerical, sotana e cr'ôa,
Fez crêr, que pelo ar navega, e vôa
N'um barco sem piloto e sem remeiro ;
Vae-se ao marquez de Fontes[1] mui ligeiro,
Declara-lhe o segredo, este o apregôa;
Sahe a consulta, pasma-se Lisboa,
E em tanto esquece a fome no Terreiro :
Bem merece este duende eterno assento
Na etherea região, eu já lhe approvo
A diabrura do subtil invento;
Pois um milagre fez, que é mais que novo
Em manter tantas boccas só de vento,
Fazendo um camaleão de tanto povo.[2]
3.a
Ao mesmo assumpto
SONETO
Com que invento queres baixo idiota,
Com que engenho te atreves brazileiro
A voar no ar sendo pateiro,
Desejando aguia ser, sem ser gaivota?