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Cheirando as flores mais bellas,
Comendo os mais ricos pomos,
Que ha de flora nos districtos,
De Pomona nos contornos ?

Ter facil qualquer caminho,
Quer seja breve quer longo,
Sem mar, sem impedimento,
Sem rochedo, sem estorvo ?

Gyrar por todos os rumos,
Por todos os promontorios,
Vendo effeitos peregrinos
E portentos monstruosos :

Mil partos sahir das grutas,
Das cavernas mil abortos,
Terriveis do monte espantos,
Horriveis do bosque assombros:

Crocodilos, dragões, serpes,
Cobras, lagartos e lobos
Rhinocerontes, leões, tigres,
Elephantes, unicorneos :

E eu passando por cima
De tantos brutos medonhos,
Sentado nas minhas azas
De palanque vendo touros ?

Repartir horas e dias
Por esses de plumas coros
Filomenas, pintasilgos
Tutinegras, pintarroxos?

Se anouteço em clima frio,
Busco abrigo e me accommodo