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Pois transformações tão raras,
Taes do mundo desacordos,
Que foram senão volantes
Nas azas do tempo arrojos?
N'estes vôos não reparam :
A um pobre julgam por louco
Por dar modo de voar
Singularmente engenhoso :
Porque acha o que se não viu
N'este ou n'outro territorio,
Ha de ser do mundo escarneo,
Ha de ser da gente opprobrio.
Porque um não deu no segredo
Toma a quem deu n'elle arrojo,
Tão terrivel que o deseja
Lançar dentro n'um poço
Tudo começou nos sabios,
Quanto o mundo admira absorto,
E em perseguil-os os nescios
Teem sempre o seu desafogo.
Mas, assentado em que nada
Debaixo do sol é novo,
Supponho que não se admiram
Os prudentes mas os tontos.[1]
9.a
Ao padre Bartholomeu, Iendo na Academia
DECIMAS
Meu padre Bartholomeu,
Eu, segundo o meu sentir
- ↑ Ibidem.