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Uma arivaga nau lhe parecia :
Já um a São Thiago ir intentava,
Outro o Prestes João ir vêr queria;
E a mulher com desejo assaz profundo
Queria os intestinos vêr do mundo.

A obra se gorou, e eu entre a gente
A opinião temendo aqui perdida,
Qual o mestre d'esgrima destramente
Busca para ferir outra venida,
Machinando tractei em continente
De outro modo melhor buscar de vida.
Em arbitrista dei, aonde prompto
Os bolinholos fiz subir de ponto.

Fui tambem dos segredos mais occultos
Por arte não vulgar famoso espia,

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Eis quando um dia no meu ninho estava,
Uns certos ruges ruges presentindo,
Tomei o folle, as azas desprezando,
E surrando-me fui, o vento abrindo

O vôo dei ao Inferno.
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  1. Estes fragmentos são do 1. e 2. canto do Foguetario», poema heroi-comico, inedito de Pedro d'Azevedo Tojal. Deu curiosa noticia d'esta obra o sr. Innocencio Francisco da Silva no «Diccionario Bibliographico». Os dois cantos mencionados encontram-se no cod. CXII/1-18, que é o tom. 4.° do «Peculio» de João Baptista de Castro. Vem aqui com titulo differente d'aquelle que se le no citado diccionario, e tem uma nota de lettra diversa que diz assim: «O. A. d'este Poema é Pedro d'Azevedo Tojal, e anda traduzido em Francez.»
    É provavel que nos outros quatro cantos que faltam na Bibliotheca d'Evora se encontrem mais allusões a Bartholoimeu Lourenço.